Thursday, May 15, 2008

Tempo de análise - Part II

Cada vez fico mais fascinado com as coisas que descubro sobre Itália e sobre o povo italiano. Isto acontece devido à minha ignorância, descubro assim que a maior parte das coisas que pensava estavam, de facto, erradas. Para entender seja o que for, é necessário começar em primeiro lugar pela abismal diferença geográfica que existe.


Falo da divergência entre o norte e o sul de Itália. Houve um recente estudo que procurava analisar o capital social (conjunto de “características de cidadania” presentes na população, como por ex: se votavam, se davam sangue, se faziam desporto, etc). Este estudo foi feito duas vezes num intervalo de cerca de 15 anos. Os resultados, do primeiro estudo ao recente, foram iguais. Uma discrepância enorme entre o norte (com resultados elevados) e o sul (com resultados muito baixos). Isto verifica-se em tudo, na riqueza, trabalho, comércio, industria e, inclusive, na própria personalidade dos italianos. Cidades do norte (Milão, Veneza) ou centro, centro-norte (Firenze, Roma) revelam um desenvolvimento muito superior às do sul (Puglia, Calabria, Nápoles).


Itália parece realmente um país de duas faces, distintas entre si. Os jovens que moram no sul, quando ingressam na universidade, vêm na sua grande maioria, para as cidades do norte estudar (como acontece com as minhas companheiras de casa). Como no sul não existe emprego, a população é, por força, mais envelhecida, menos instruída e muito tradicional. Existe ainda outra coisa que eu não sabia, e que reforça toda esta diferença entre as cidades italianas. Em Itália existe: -A língua italiana, os sotaques (accento) e os dialectos. Os dialectos são realmente outra língua, mesmo entre cidades relativamente vizinhas, é praticamente impossível a compreensão dos diferentes dialectos. A sonoridade é incrível e existem algumas que parecem mesmo vindas de uma refundida cidade do leste. Conheci uma Itália fragmentada e com poucas semelhanças entre as diversas cidades. São notórias, finalmente, as grandes dificuldades económicas, com uma subida de preços altíssima nos últimos anos, e um sistema politico débil, monopolizado e com muita corrupção.


É engraçado como tomamos como garantido até aquilo que não conhecemos. No meu caso, não acreditava que muitos mais países europeus desenvolvidos sofressem dos mesmos problemas retrógrados que nós, mas afinal..

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